Um quarto ninho de dinossauro foi escavado nas arribas de uma praia da Lourinhã.
O
paleontólogo Miguel Moreno Azanza, especialista em ninhos e ovos de
dinossauros, explicou à agência Lusa que "as cascas são semelhantes às
dos ovos dos outros ninhos, por isso tem quase a certeza de que o ninho
pertence" ao "Lourinhanosaurus antunesi", espécie de dinossauro
carnívoro descoberta também neste concelho do distrito de Lisboa, motivo
pelo qual foi assim batizada.
Os
quatro ninhos têm em comum o facto de terem ovos de 12 centímetros, com
cascas negras de um milímetro de espessura e poros que permitem a sua
identificação.
Os
paleontólogos suspeitam que o ninho agora escavado na praia do Caniçal,
com cerca de 10 ovos, poderá ser mais antigo do que os anteriores
escavados no concelho.
Pela
diversidade de ninhos encontrados, os cientistas acreditam que a
Lourinhã seria o "local ideal" para os dinossauros carnívoros daquela
espécie nidificarem.
A
Lourinhã seria uma "área de muitos rios com planícies inundadas, o que
era bom para o 'Lourinhanosaurus antunesi' nidificar", apontou Miguel
Moreno Azanza, investigador da Universidade Nova de Lisboa, que, com
conjunto com Octávio Mateus, da mesma universidade, coordenou as
escavações organizadas pelo Museu da Lourinhã.
"Os
dinossauros aproveitavam as áreas secas para nidificar e, quando estas
inundavam, enterravam os ovos, o que facilitou a sua fossilização",
acrescentou.
Pela
dimensão dos ninhos e pelo número de ovos, os paleontólogos "suspeitam
que várias fêmeas usassem o mesmo ninho para nidificar ou que a mesma
fêmea voltasse sempre ao mesmo ninho para pôr ovos".
A Lourinhã foi durante "milhares de anos" usada para os dinossauros nidificarem.
Em
2017, quando efetuavam ações de prospeção, três voluntários do museu
encontraram uma área de concentração de cascas pretas na arriba da praia
do Caniçal.
Os paleontólogos começaram a escavar a meio da arriba, trabalhando pendurados por cordas, a uma altura de 17 metros da praia.
O
ninho foi escavado nas últimas três campanhas, desde 2017, tendo sido
extraído um bloco rochoso a pesar uma tonelada, o qual, por sua vez, foi
envolvido em gesso e serapilheira para proteger os fósseis e retirado
por guindaste.
O
material vai ser estudado e preparado ao vivo no laboratório do Dino
Parque da Lourinhã dentro de duas semanas e durante um a dois anos por
Miguel Moreno Azanza, Octávio Mateus, Eduardo Puértolas-Pascual, Rute
Coimbra e Alexandra Fernandes.
Fonte: GEAL - Museu da Lourinhã
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