@Marcus Hansson |
A Reserva Natural das Berlengas, ao largo de Peniche, é um dos melhores sítios para mergulho e birdwatching em Portugal.
A confluência dos climas Mediterrânico e Atlântico criou um ecossistema único no Mundo com fauna e flora características, a que se junta uma geomorfologia distinta da do continente europeu.
A riqueza biológica é de valor inestimável. A fauna e flora são únicos, o que fazem das Berlengas um património biológico de elevado interesse de conservação. Reconhecido desde 1465, numa carta d´el Rei D. Afonso V – “nas Berlengas do mar pessoa alguma vá caçar”, o arquipélago é a primeira área protegida do país, há mais de 30 anos Reserva Natural, e reconhecida pela UNESCO desde 2011.
@Hugo Cadavez |
Para visitar as ilhas das Berlengas – ou, melhor, para ir até à Berlenga Grande, a maior ilha deste arquipélago – é preciso apanhar um barco. Irá encontrar ainda em terra, em Peniche, diferentes meios de transporte marítimos para aceder às Berlengas. A viagem dura uns 30 minutos mas tendo em conta a vista e a paisagem que terá pela frente, nem irá dar pelo tempo passar.
Quando se começar a aproximar do arquipélago das Berlengas, a primeira visão é de um monte de pedras e rochedos, que parecem ser pouco atrativos e turísticos. Mas basta sair do barco e começar a andar pela ilha para perceber rapidamente a magia deste local que mistura praias absolutamente paradisíacas com rochedos majestosos. Este arquipélago é composto por três ilhéus (Berlenga Grande, Estelas e Farilhões-Forcadas), sendo o primeiro o maior e o que merece uma visita mais aprofundada.
A Berlenga Grande
A Berlenga Grande é a maior ilha do arquipélago. As grutas atravessam toda a ilha, sendo a maior a do Furado Grande.
A partir do Furado Grande, avizinha-nos um cenário ainda mais paradisíaco: a Cova do Sonho e o Furado Pequeno, que só pode visitar apenas quando a maré está baixa. No entanto, há dezenas de outras grutas na ilha, a maioria das quais acessíveis por mergulho.
Além de ser a maior ilha do arquipélago, a Berlenga Grande é também a única habitável. Em tempos, foi o retiro dos monges que construíram o Mosteiro da Misericórdia da Berlenga, que acabaram por abandoná-lo devido à escassez de comida, aos saques dos corsários e aos ataques violentos dos piratas que navegavam pelo Atlântico.
Hoje restam apenas algumas pedras soltas e muros do edifício original que deu lugar a um restaurante. A construção mais notável da ilha é a Fortaleza de S. João Baptista, que parece estender-se desde as rochas da Berlenga até ao oceano. Em 1847, sofreu o mesmo destino do Mosteiro e foi abandonado. Só no século XX foram feitos trabalhos de restauro que devolveram todo o esplendor a este magnífico edifício de arquitetura militar portuguesa.
É possível pernoitar numa cubata, o que é uma experiência que nos leva de volta ao tempo do Império português.
Há dois percursos pedestres que pode seguir para explorar a ilha. O primeiro é o trilho da Berlenga, que segue desde o Bairro dos Pescadores até ao Forte e passa pelo Farol. É um trilho com descidas e subidas bastante acentuadas, mas que lhe permitirá ter uma perspetiva de toda a paisagem deslumbrante das Berlengas. O segundo é um trilho circular pouco mais fácil de completar, o trilho da Ilha Velha, e vai levá-lo diretamente ao habitat das gaivotas. Algumas zonas encontram-se completamente cobertas por penas, como se de neve se tratasse!
A flora das Berlengas é constituída sobretudo por arbustos: a falta de solo e os ventos carregados de sal não são ideais para a plantação de árvores. Há várias plantas rasteiras endémicas na ilha, sendo o sub-arbusto Armeria Berlengesis a mais característica.
Birdwatching
As atividades de lazer nas ilhas das Berlengas vão bem além da fascinação e interiorização da paisagem natural que este local oferece. As Berlengas são um santuário paras as aves marinhas que populam o Atlântico e a costa portuguesa.
O Airo é o símbolo da ilha e pode ser avistado entre janeiro e julho quando nidifica. Outras aves como a gaivota de pata amarela ou o corvo-marinho-de-crista podem ser avistados, fazendo das Berlengas um destino perfeito para os amantes de Birdwatching.
Mergulho numa Aventura
Certamente batizadas por Neptuno, o Deus romano do mar, as ilhas das Berlengas são um destino privilegiado para os curiosos da natureza, da vida marinha e da aventura.
@Jorge Teixeira |
OBSERVAÇÃO DE AVES
As Berlengas albergam as únicas colónias de aves marinhas pelágicas ao largo de Portugal continental. Seis espécies de aves marinhas reproduzem-se nas Berlengas: cagarra, roque-de-castro, galheta, gaivota-de-patas-amarelas, gaivota-d'asa-escura e airo (embora a sua reprodução não seja confirmada desde 2002). A ilha da Berlenga pode ser um local interessante para visitar durante a altura da migração pós-nupcial (setembro a novembro), pois algumas aves migradoras procuram refúgio na ilha, e podem ser facilmente detetadas devido à ausência de árvores e vegetação densa. O planalto do farol, as arribas protegidas dos ventos dominantes e a figueira situada na praia do carreiro do mosteiro são alguns dos melhores locais para os procurar. Migradores mais escassos ou raros já foram detetados na ilha, como o borrelho-ruivo, a felosa-listada, a petinha-de-richard e a escrevedeira-da-lapónia. O rabirruivo-preto, o falcão-peregrino e o peneireiro são residentes na ilha da Berlenga.
@Marco Nunes |
@Jorge Teixeira |
O carreiro dos Cações e o carreiro do Mosteiro quase separam a ilha da Berlenga em dois, a ilha Velha e a Berlenga. Existem dois percursos que permitem visitar cada um destes lados da ilha. A circulação fora destes trilhos é proibida para proteger e conservar a frágil vegetação desta ilha.
O acesso à ilha da Berlenga pode ser efetuado ao longo de todo o ano. O barco de carreira regular "Cabo Avelar Pessoa" efetua viagens apenas durante a época balnear (20 de maio a 15 de setembro) mas existem diversas embarcações marítimo-turísticas que efetuam viagens em todos os meses do ano.
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