terça-feira, 18 de julho de 2017

Almeida - Uma vila portuguesa carregada de história...




Vila e sede de concelho, Almeida tem uma gloriosa história. O nome da antiga “cabeça militar de toda a província da Beira”, de origem árabe, filia-se na situação planáltica que tem. Terá tido o nome de Talmeida e de Alameda. Talmeida ficaria no lugar conhecido por Enchido da Sarça.
Com o seu perímetro abaluartado em forma de estrela, de doze pontas, Almeida era a mais importante praça-forte da fronteira entre o Tejo e o Douro, guardando as terras de Riba-Côa entre Vilar Formoso e Castelo Rodrigo. Fortaleza praticamente inexpugnável até há um século, desempenhou importante papel em várias épocas da história de Portugal, nomeadamente durante a crise de 1383-85, as guerras da Restauração e as invasões francesas. O destaque maior vai para Junho de 1663, quando do cerco castelhano comandado pelo duque de Osuna, de tal ordem que o feito se encontra inscrito no obelisco da Praça dos Restauradores, em Lisboa. Também no Arco do Triunfo, em Paris, o nome de Almeida está gravado.
As origens de Almeida não estão ainda suficientemente estudadas mas crê-se que a fixação humana tenha acontecido durante o domínio romano. Os muçulmanos conheceram-na. Na “Crónica dos Godos” já se fala dela a propósito das conquistas feitas aos mouros no tempo de Fernando Magno: “Na era de 1307 (ano de 1039) se ganharam aos mouros muitas povoações da Estremadura d'aquém e d'além por Vilar Torpim, Almeida e Idanha até às margens do Tejo”.
Há discordância quanto às datas das mudanças de mão que sofreu na fase obscura da Reconquista. Segundo o espanhol Zaapter, teria sido tomada aos mouros pelos monges leoneses de S. Julião de Pereiro. Frei Bernardo de Brito, por seu lado, diz que a conquistou D. Sancho I, ainda em vida do pai, D. Afonso Henriques, que se teria perdido em seguida e recuperado de novo por volta de 1208, por esforço de Paio Guterres. Alexandre Herculano admitiu que toda a zona transcudana, incluindo Almeida, tenha sido leonesa até fins do século XIII.
Sem qualquer dúvida histórica é a tomada da povoação por D. Dinis, no ano de 1296. Encontrando-a muito danificada resolveu o monarca deslocar a praça para o sítio actual, fazendo novo castelo, povoando-o e dando-lhe o primeiro foral, obtendo a confirmação da posse pelo Tratado de Alcanizes no ano seguinte.
Durante a crise dinástica criada pela morte de D. Fernando, a vila esteve do lado de Castela, tendo sido duramente sitiada até ser reconquistada por D. João I. É a época do início do desenvolvimento do burgo. E cinquenta anos depois dá-se aqui o estabelecimento da comuna hebraica por judeus expulsos de Espanha pelos reis católicos, Fernando e Isabel. Em 1474, estes soberanos declararam guerra contra Portugal e prometeram Almeida a Rodrigo Cortez, vizinho de Ávila, logo que ele a conquistasse.
D. Manuel I ampliou as defesas da praça, reconstruindo-a quase completamente e, segundo Sousa Viterbo, o Venturoso nomeou o próprio arquitecto da Batalha, Mateus Fernandes, para superintender às obras. Empenhado que estava em reforçar o poder defensivo das vilas fronteiriças, o soberano concedeu foral novo a Almeida, em 1 de Junho de 1510. Mas o castelo iria cair em ruínas durante o período dos Filipes, devido à política de abater fronteiras, concebida por esses reis.
É após 1640 que começam as obras de fortificação moderna de traçado abaluartado, segundo concepção de Antoine Deville. Durante a guerra da Restauração foi considerada a verdadeira chave de segurança da província da Beira, sem que nunca o inimigo a conseguisse tomar. E a partir da batalha de 2 de Junho de 1663 passou a ser o grande baluarte português da defesa fronteiriça. Mas não para sempre, pois foi perdida durante a Guerra dos Sete Anos e só regressou à lusa pátria em 1763.
Durante as invasões francesas, Almeida foi ocupada várias vezes. Em 26 de Agosto de 1810, as tropas francesas de Massena apoderaram-se da fortaleza, depois de um cerco, durante o qual o castelo explodiu devido à imprevidência de um soldado português que fez o paiol ir pelos ares. A guarnição capitulou, assinando os termos dessa capitulação perante o general francês na Casa da Guarda, às portas de S. Francisco, hoje pacífico e útil posto local de turismo. No decurso da guerra civil, Almeida transitou entre absolutistas e liberais, servindo as Casamatas de prisão. Em 1927, a praça perdeu definitivamente a actividade militar, com a partida do último esquadrão de cavalaria.
Mas ficou Almeida com as suas muralhas, classificadas como monumento nacional, e as três portas de acesso à praça, abertas em túnel e abobadadas, sendo a de S. Francisco uma obra-prima de bom gosto.
Admirável é também o antigo quartel de artilharia e cadeia, edifício setecentista em estilo joanino, onde está instalada a Câmara Municipal. A Igreja da Misericórdia, seiscentista, com um belo portal clássico e a igreja matriz, com três naves e diversos altares, são dois belos templos. Verdadeiramente notável é, no seu conjunto, todo o acervo patrimonial da histórica e nobre vila de Almeida.


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@ Ricardo Paiva

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Topónimo

  • O topónimo "Almeida" deriva do árabe "al maida", que significa "outeiro". É este topónimo a origem do actual apelido. Terá tido o nome de Talmeida e de Alameda. Talmeida ficaria no lugar conhecido por Enchido da Sarça.


Património

Património Classificado:

  • Muralhas da Praça de Almeida (Decreto Lei N.º 14/985 de 03/02/1928 e Decreto N.º 28/536 de 22/02/1938, Z.P. - D.G., 2.ª Série, n.º 97 de 24/04/1962) - séc. XVII e XVIII

Património Edificado:

  • Portas Duplas  de S. Francisco ou da Cruz - Intramuros / séc. XVII
  • Casa Nobre da Rua do Poço - Intramuros / séc. XVII / XVIII (Conjectural)
  • Casamatas - Intramuros / séc. XVII / XVIII (Conjectural)
  • Casa da Roda dos Expostos - Intramuros / séc. XIX (1843)
  • Praça Alta do Baluarte de St.ª Bárbara - Intramuros / séc. XVII e XVIII (conjectural)
  • Hospital do Sangue no Revelim Doble - Intramuros / séc. XVIII (conjectural)
  • Paiol e Casa da Guarda do Revelim de St.ª Bárbara -Intramuros / séc. XIX
  • Picadeiro D'el Rey (séc. XX) - Intramuros / Antigo Trem de Artilharia (séc. XVII)
  • Portas Duplas de St.º António - Intramuros / séc. XVII
  • Ruínas do Castelo Almeida (séc. XIX) - Intramuros / Período Medieval (sécs. XI / XIII / XVI) / Moderno (1695)
  • Torre do Relógio - Intramuros / séc. XIX (1830)
  • Casa Brasonada Brigadeiro Vicente Delgado Freire - Intramuros / séc. XVIII / XIX
  • Casa do Marchal de Campo Manuel Leitão de Carvalho – Intramuros / Fins do séc. XVII / 1.º Quartel do séc. XVIII
  • Casa António Pereira Fontão Júnior – Intramuros / séc. XVIII
  • Casa João Dantas da Cunha – Intramuros / séc. XVIII (1769)
  • Casa Judaica Quinhentista da Rua do Arco – Intramuros / séc. XVI
  • Câmara Municipal – Intramuros / Antigo Corpo da Guarda Principal (séc. XVIII – 1791)
  • Palácio da Justiça – Intramuros / Antiga Vedoria e Casa dos Governadores (séc. XVII / XVIII)
  • Quartel das Esquadras – Intramuros / séc. XVIII (1736-1750)
  • Ponte Grande sobre o Rio Côa – Rural / séc. XVII (conjectural)
  • Fonte dos Frades – Periurbano / séc. XVII (conjectural)
  • Fonte da Trigueira – Periurbano /séc. XVII (conjectural)
  • Fonte da Tasqueira – Periurbano /séc. XVIII (conjectural)
  • Fonte do Arrabalde S. Francisco – Periurbano / séc. XVII

Património Religioso:

  • Igreja Matriz (Sec. XIX) – Intramuros / Capela do Antigo Convento de N. Sr.ª do Loreto (séc. XVI) / Quartel e Hospital Militar (séc. XVIII)
  • Igreja da Misericórdia – Intramuros / Maneirista (séc.XVII)
  • Capela do Convento das Barca – Rural / Barroca (XVIII)
  • Passos da “Via-sacra” – Intramuros / séc. XIX
Património Arqueológico e Etnográfico:

  • Pedregais ou Enchido da Sarça – Rural / Período Romano
  • Pombais e Moinhos do Rio Côa

Património Natural e Lazer:

  • Estação Termal de Almeida - Fonte de  Santa no Rio Côa
  • Paisagem e Biótipos do Rio Côa
  • Praia Fluvial das Comportas e da Fonte Santa no Rio Côa
  
Outros Locais de Interesse Turístico


  • Museu Militar
  • Centro de Estudos de Arquitéctura Militar 
Tradições

Festas e Romarias


  • Comemorações do Cerco de Almeida (Agosto)
  • Festa de Nossa Senhora das Neves (Agosto)
  • Festa do Senhor da Barca (Domingo de Pentecostes)
  • Feriado Municipal (2 Julho)
Feiras

  • Feira Nova (1 Setembro)
  • Mercado Mensal (dias 8 e último Sábado de cada mês)
Gastronomia

  • Cozido à Portuguesa
  • Cabrito e Borrego Assado
  • Arroz de lebre
  • Coelho à caçador
  • Bola doce
  • Queijo
Artesanato

  • Cadeiras revestidas com junco
  • Tecelagem
  • Queijo
  • Bordados
  • Rendas

Actividades Económicas

  • Agricultura
  • Pecuária
  • Comércio
  • Construção civil

Fauna

  • Javali
  • Coelho
  • Lebre
  • Raposa

Flora

  • Carvalho
  • Azinheira
  • Sobreiro
  • Pinheiro
  • Giesta
 
Cursos de Água

  • Rio Côa



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