Vila e sede de concelho, Almeida tem uma gloriosa história. O nome da antiga “cabeça militar de toda a província da Beira”, de origem árabe, filia-se na situação planáltica que tem. Terá tido o nome de Talmeida e de Alameda. Talmeida ficaria no lugar conhecido por Enchido da Sarça.
Com o seu perímetro abaluartado em forma de estrela, de doze pontas, Almeida era a mais importante praça-forte da fronteira entre o Tejo e o Douro, guardando as terras de Riba-Côa entre Vilar Formoso e Castelo Rodrigo. Fortaleza praticamente inexpugnável até há um século, desempenhou importante papel em várias épocas da história de Portugal, nomeadamente durante a crise de 1383-85, as guerras da Restauração e as invasões francesas. O destaque maior vai para Junho de 1663, quando do cerco castelhano comandado pelo duque de Osuna, de tal ordem que o feito se encontra inscrito no obelisco da Praça dos Restauradores, em Lisboa. Também no Arco do Triunfo, em Paris, o nome de Almeida está gravado.
As origens de Almeida não estão ainda suficientemente estudadas mas crê-se que a fixação humana tenha acontecido durante o domínio romano. Os muçulmanos conheceram-na. Na “Crónica dos Godos” já se fala dela a propósito das conquistas feitas aos mouros no tempo de Fernando Magno: “Na era de 1307 (ano de 1039) se ganharam aos mouros muitas povoações da Estremadura d'aquém e d'além por Vilar Torpim, Almeida e Idanha até às margens do Tejo”.
Há discordância quanto às datas das mudanças de mão que sofreu na fase obscura da Reconquista. Segundo o espanhol Zaapter, teria sido tomada aos mouros pelos monges leoneses de S. Julião de Pereiro. Frei Bernardo de Brito, por seu lado, diz que a conquistou D. Sancho I, ainda em vida do pai, D. Afonso Henriques, que se teria perdido em seguida e recuperado de novo por volta de 1208, por esforço de Paio Guterres. Alexandre Herculano admitiu que toda a zona transcudana, incluindo Almeida, tenha sido leonesa até fins do século XIII.
Sem qualquer dúvida histórica é a tomada da povoação por D. Dinis, no ano de 1296. Encontrando-a muito danificada resolveu o monarca deslocar a praça para o sítio actual, fazendo novo castelo, povoando-o e dando-lhe o primeiro foral, obtendo a confirmação da posse pelo Tratado de Alcanizes no ano seguinte.
Durante a crise dinástica criada pela morte de D. Fernando, a vila esteve do lado de Castela, tendo sido duramente sitiada até ser reconquistada por D. João I. É a época do início do desenvolvimento do burgo. E cinquenta anos depois dá-se aqui o estabelecimento da comuna hebraica por judeus expulsos de Espanha pelos reis católicos, Fernando e Isabel. Em 1474, estes soberanos declararam guerra contra Portugal e prometeram Almeida a Rodrigo Cortez, vizinho de Ávila, logo que ele a conquistasse.
D. Manuel I ampliou as defesas da praça, reconstruindo-a quase completamente e, segundo Sousa Viterbo, o Venturoso nomeou o próprio arquitecto da Batalha, Mateus Fernandes, para superintender às obras. Empenhado que estava em reforçar o poder defensivo das vilas fronteiriças, o soberano concedeu foral novo a Almeida, em 1 de Junho de 1510. Mas o castelo iria cair em ruínas durante o período dos Filipes, devido à política de abater fronteiras, concebida por esses reis.
É após 1640 que começam as obras de fortificação moderna de traçado abaluartado, segundo concepção de Antoine Deville. Durante a guerra da Restauração foi considerada a verdadeira chave de segurança da província da Beira, sem que nunca o inimigo a conseguisse tomar. E a partir da batalha de 2 de Junho de 1663 passou a ser o grande baluarte português da defesa fronteiriça. Mas não para sempre, pois foi perdida durante a Guerra dos Sete Anos e só regressou à lusa pátria em 1763.
Durante as invasões francesas, Almeida foi ocupada várias vezes. Em 26 de Agosto de 1810, as tropas francesas de Massena apoderaram-se da fortaleza, depois de um cerco, durante o qual o castelo explodiu devido à imprevidência de um soldado português que fez o paiol ir pelos ares. A guarnição capitulou, assinando os termos dessa capitulação perante o general francês na Casa da Guarda, às portas de S. Francisco, hoje pacífico e útil posto local de turismo. No decurso da guerra civil, Almeida transitou entre absolutistas e liberais, servindo as Casamatas de prisão. Em 1927, a praça perdeu definitivamente a actividade militar, com a partida do último esquadrão de cavalaria.
Mas ficou Almeida com as suas muralhas, classificadas como monumento nacional, e as três portas de acesso à praça, abertas em túnel e abobadadas, sendo a de S. Francisco uma obra-prima de bom gosto.
Admirável é também o antigo quartel de artilharia e cadeia, edifício setecentista em estilo joanino, onde está instalada a Câmara Municipal. A Igreja da Misericórdia, seiscentista, com um belo portal clássico e a igreja matriz, com três naves e diversos altares, são dois belos templos. Verdadeiramente notável é, no seu conjunto, todo o acervo patrimonial da histórica e nobre vila de Almeida.
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Topónimo
- O topónimo "Almeida" deriva do árabe "al maida", que significa "outeiro". É este topónimo a origem do actual apelido. Terá tido o nome de Talmeida e de Alameda. Talmeida ficaria no lugar conhecido por Enchido da Sarça.
Património
Património Classificado:
- Muralhas da Praça de Almeida (Decreto Lei N.º 14/985 de 03/02/1928 e Decreto N.º 28/536 de 22/02/1938, Z.P. - D.G., 2.ª Série, n.º 97 de 24/04/1962) - séc. XVII e XVIII
Património Edificado:
- Portas Duplas de S. Francisco ou da Cruz - Intramuros / séc. XVII
- Casa Nobre da Rua do Poço - Intramuros / séc. XVII / XVIII (Conjectural)
- Casamatas - Intramuros / séc. XVII / XVIII (Conjectural)
- Casa da Roda dos Expostos - Intramuros / séc. XIX (1843)
- Praça Alta do Baluarte de St.ª Bárbara - Intramuros / séc. XVII e XVIII (conjectural)
- Hospital do Sangue no Revelim Doble - Intramuros / séc. XVIII (conjectural)
- Paiol e Casa da Guarda do Revelim de St.ª Bárbara -Intramuros / séc. XIX
- Picadeiro D'el Rey (séc. XX) - Intramuros / Antigo Trem de Artilharia (séc. XVII)
- Portas Duplas de St.º António - Intramuros / séc. XVII
- Ruínas do Castelo Almeida (séc. XIX) - Intramuros / Período Medieval (sécs. XI / XIII / XVI) / Moderno (1695)
- Torre do Relógio - Intramuros / séc. XIX (1830)
- Casa Brasonada Brigadeiro Vicente Delgado Freire - Intramuros / séc. XVIII / XIX
- Casa do Marchal de Campo Manuel Leitão de Carvalho – Intramuros / Fins do séc. XVII / 1.º Quartel do séc. XVIII
- Casa António Pereira Fontão Júnior – Intramuros / séc. XVIII
- Casa João Dantas da Cunha – Intramuros / séc. XVIII (1769)
- Casa Judaica Quinhentista da Rua do Arco – Intramuros / séc. XVI
- Câmara Municipal – Intramuros / Antigo Corpo da Guarda Principal (séc. XVIII – 1791)
- Palácio da Justiça – Intramuros / Antiga Vedoria e Casa dos Governadores (séc. XVII / XVIII)
- Quartel das Esquadras – Intramuros / séc. XVIII (1736-1750)
- Ponte Grande sobre o Rio Côa – Rural / séc. XVII (conjectural)
- Fonte dos Frades – Periurbano / séc. XVII (conjectural)
- Fonte da Trigueira – Periurbano /séc. XVII (conjectural)
- Fonte da Tasqueira – Periurbano /séc. XVIII (conjectural)
- Fonte do Arrabalde S. Francisco – Periurbano / séc. XVII
Património Religioso:
- Igreja Matriz (Sec. XIX) – Intramuros / Capela do Antigo Convento de N. Sr.ª do Loreto (séc. XVI) / Quartel e Hospital Militar (séc. XVIII)
- Igreja da Misericórdia – Intramuros / Maneirista (séc.XVII)
- Capela do Convento das Barca – Rural / Barroca (XVIII)
- Passos da “Via-sacra” – Intramuros / séc. XIX
- Pedregais ou Enchido da Sarça – Rural / Período Romano
- Pombais e Moinhos do Rio Côa
Património Natural e Lazer:
- Estação Termal de Almeida - Fonte de Santa no Rio Côa
- Paisagem e Biótipos do Rio Côa
- Praia Fluvial das Comportas e da Fonte Santa no Rio Côa
Outros Locais de Interesse Turístico
- Museu Militar
- Centro de Estudos de Arquitéctura Militar
Tradições
Festas e Romarias
- Comemorações do Cerco de Almeida (Agosto)
- Festa de Nossa Senhora das Neves (Agosto)
- Festa do Senhor da Barca (Domingo de Pentecostes)
- Feriado Municipal (2 Julho)
Feiras
- Feira Nova (1 Setembro)
- Mercado Mensal (dias 8 e último Sábado de cada mês)
Gastronomia
- Cozido à Portuguesa
- Cabrito e Borrego Assado
- Arroz de lebre
- Coelho à caçador
- Bola doce
- Queijo
Artesanato
- Cadeiras revestidas com junco
- Tecelagem
- Queijo
- Bordados
- Rendas
Actividades Económicas
- Agricultura
- Pecuária
- Comércio
- Construção civil
Fauna
- Javali
- Coelho
- Lebre
- Raposa
Flora
- Carvalho
- Azinheira
- Sobreiro
- Pinheiro
- Giesta
Cursos de Água
- Rio Côa
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