terça-feira, 3 de abril de 2018

Castro S. Lourenço (Vila Chã)


No concelho de Esposende, ao longo da costa estende–se uma estreita planície litoral, dominada por uma sucessão de cumeadas de escassa altitude, as quais, no entanto, se destacam na paisagem, devido à pendente das encostas voltadas a oeste. Quase no extremo Sul desta linha de relevo, num local com amplo domínio visual, quer sobre a faixa costeira, quer sobre o estuário do Cávado, foi erguido o extenso povoado fortificado conhecido como Castro de S. Lourenço. Para além do seu interesse patrimonial o cume deste povoado (201 metros) é um excelente miradouro quer sobre a planície litoral, quer sobre o estuário do Cávado, quer ainda sobre o curso final daquele rio. Formava, em conjunto, com Bagunte, Terroso, São Roques, Santa Luzia, Cividade de Âncora, Coto da Pena e Santa Tecla, uma estrutura litoral linear, que controlava, por certo, a navegação de cabotagem na Proto–História.








 
O povoado conserva as suas três linhas de muralha, apresentando panos defensivos parcialmente reconstruídos e conservados. Em vários núcleos diferenciados surgem estruturas de habitação, geralmente organizadas em unidades domésticas de três ou mais estruturas circulares ou alongadas, convergentes para o pátio central, por regra lajeado, cercadas por um muro divisório. Parte das estruturas foi integralmente consolidada. Diferenciam–se unidades habitacionais com estruturas subcirculares ou rectangulares. Ao longo da encosta voltada a Norte espalham–se as estruturas domésticas, até ao topo do cabeço, onde se erigiu a capela de S. Lourenço. No sentido Oeste o povoado estende–se até ao sopé ocupando uma área muito maior do que inicialmente se supunha. A amplitude das investigações arqueológicas, orientadas por Carlos Alberto Brochado de Almeida, conduziu a uma boa definição das fases de ocupação do castro, com um período inicial datado do Bronze Final e uma segunda fase da Idade do Ferro, desde o século V a. C. Este povoado seria destruído por um grande incêndio, algures no século I a. C., que conduziria a uma reorganização do espaço urbano e subsequente adaptação a vicus, ao longo do século I d. C. Esta adaptação remodelou as estruturas defensivas e reordenamento das unidades domésticas. Foi, à época, uma localidade importante, com mercado e instituições de administração local, mantendo uma vasta área de influência juntamente com o vizinho Castelo de Neiva. O local seria abandonado no século V, e só seria reocupado no século X, no conturbado contexto da Reconquista, quando se construiu uma muralha voltada a Oeste, no topo do cabeço. Junto da primeira muralha terá aparecido, em 1954, uma ara votiva dedicada por Anicius a Dea Sancta.
O local foi intervencionado desde 1985 por Brochado de Almeida, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A Câmara Municipal de Esposende promoveu, a partir de 1991, o arranjo urbanístico do cabeço, com o calcetamento do caminho de acesso à capela e restauro e reconstrução de parte das estruturas habitacionais castrejas. Contudo, parte das ruínas tinha sido já irremediavelmente afectada pela construção da nova capela, nos anos 50, assim como pelo caminho de acesso ao templo. Novos trabalhos de musealização do sítio realizaram–se em 1995. Situado na freguesia de Vila Chã, Concelho de Esposende, encontra–se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1986.


 








Este arqueosítio dispõe de bons acessos. Saindo de Barcelos deverá tomar–se a Estrada Nacional 103, em direcção a Viana do Castelo. Ao fim de 11 km (10 minutos), deverá voltar–se à esquerda no cruzamento sinalizado como «Castro de S. Lourenço», entrando na Estrada Nacional 305. Passados 2’3 km (2 minutos) deverá cortar–se à direita para Vila Chã, num cruzamento não sinalizado. Prosseguindo através da localidade, passando pela igreja paroquial, atinge–se o castro, ao fim de 3’1 km (cerca de 4 minutos), no local onde se erigiram dois coretos para a romaria.










LOCALIZAÇÃO
R. de São Lourenço | Monte de S. Lourenço - Vila Chã, Esposende 4740-001, Portugal

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