Os "Bonecos de Estremoz" pertencem a uma arte de carácter popular, com mais de 300 anos de história, tendo sido o primeiro figurado do mundo a merecer a distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade, na sequência da candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Estremoz, no distrito de Évora.
Foto: Jorge da Conceição |
Breve História dos Bonecos de Estremoz
As primeiras referências ao figurado de Estremoz são de princípios do séc. XVIII. Em 1770, sabemos da existência das “boniqueiras”, mulheres que faziam curiosidades e figuras de barro e que tinham um trabalho não reconhecido enquanto ofício.
Os bonecos tiveram certamente início na necessidade espiritual, ou seja, o povo queria ter em casa os santinhos da sua devoção. Comprá-los em talha era impossível, dadas as dificuldades do quotidiano, pelo que, supomos, uma mulher habituada a lidar com o barro se terá atrevido a modelar pela primeira vez um santinho da sua devoção particular e daqui terá nascido a tradição, numa terra onde o barro era abundante.
Dos santinhos, e dada a expansão do gosto presepista Escola de Mafra de setecentos, passou-se às cenas de natividade. Os Presépios eruditos, observados nos Conventos e casas abastadas, depressa foram adaptados à mundividência popular das bonequeiras. Assim, na cena envolvente à da Sagrada Família nasceram os Reis Magos, os Ofertantes regionais e um vasto reportório, como o “Pastor a comer”, o “Pastor a dormir”, a “Mulher das Galinhas”, o “Pastor com o cabrito às costas”, entre outros. Hoje estas figuras “sobrevivem” fora do Presépio. Em oitocentos, os homens começam a intrometer-se na arte, segundo relato da barrista Georgina, que confirmou a Sebastião Pessanha, no princípio do séc. XX, ter aprendido a arte por intermédio do seu esposo.
Em 1935, José Maria Sá Lemos, Diretor da Escola Industrial de Estremoz, convenceu a artesã Ti Ana das Peles, que apenas sabia modelar “Assobios”, a ensinar o que sabia da arte e a participar no processo de “ressuscitar” as figuras que já ninguém modelava desde a década passada.
Deste feliz encontro de saberes, nasce o gosto da família oleira Alfacinha pelo figurado de barro, nomeadamente Mariano da Conceição, que o transmite a alguns empregados da Olaria e a familiares diretos.
Atualmente, modelam bonecos as Irmãs Flores, Fátima Estróia, Afonso e Matilde Ginja, Duarte Catela e Ricardo Fonseca. Utilizando as técnicas tradicionais, mas modelando com formas contemporâneas e locais, temos Isabel Pires, Jorge da Conceição e Célia Freitas/Miguel Gomes.
Foto: Jorge da Conceição |
ARTESÃOS DOS BONECOS DE ESTREMOZ
Afonso Ginja
Rua Direita n.º 5, 7100-535 Estremoz
Telefone: 268 081 618 / 936 605 111
Célia Freitas e Miguel Gomes*
Telefone: 268 620 564 / 963 505 473 / 924 224 973
Duarte Catela*
Telefone: 961 831 183
Fátima Estróia
Rua Narciso Ribeiro n.º 3, 7100-554 Estremoz
Telefone: 966 602 355
Irmãs Flores
Largo da República n.º 31/32, 7100-505 Estremoz
Telefone: 268 324 239
E-mail: maria.inacia.flores@gmail.com
Jorge da Conceição*
Telefone: 933 803 566
E-mail: jdaconceicao.estremoz@gmail.com
Maria Isabel Pires
Bairro da Salsinha Lote 37, 7100-102, Estremoz
Telefone: 268 322 183 / 926 943 974
E-mail: isabelcatarrilhaspires@gmail.com
Ricardo Fonseca
Largo da República n.º 31/32, 7100-505 Estremoz
Telefone: 964 669 754
* não possuem atelier em Estremoz
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