domingo, 28 de outubro de 2018
Ermida de Nossa Senhora da Paz -Vila Franca do Campo- ilha de São Miguel
O Santuário de Nossa Senhora da Paz ergue-se no cimo de um monte sobranceiro à vila, autêntico e privilegiado miradouro, um dos melhores da ilha, sobre uma paisagem de grande extensão e beleza, com o Ilhéu de Vila Franca ao fundo. A ermida actualmente existente foi edificada no séc. XVIII no lugar de um antigo templo do séc. XVI, onde um pastor terá encontrado uma imagem da Virgem. Encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público.
Esta Ermida quinhentista, anterior a 1522, foi reconstruída em 1764 e sucessivamente melhorada e aumentada.
Em 1968 foi construída a escadaria que tem 10 patamares, que representam os Pai-Nossos dos Mistérios Gozosos e Dolorosos, e 100 degraus, referentes às Ave-Marias, correspondendo no seu conjunto a dois terços do rosário.
Os Mistérios Gloriosos estão representados em cinco painéis de azulejos, no adro, por detrás da Ermida.
No base da escadaria está o busto do Prior António Jacinto de Medeiros, prior da Igreja Matriz de Vila Franca do Campo onde exerceu o sacerdócio durante 58 anos, grande impulsionador da escadaria. Sob a sua alçada, a pequena e humilde ermida registou muitas obras de manutenção e diversos melhoramentos. O busto é da autoria de Hélder Carvalho.
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Nº 37º 43´40.4´´ / W025º 25´53.7´´
Lenda de Nossa Senhora da Paz
Corriam os primeiros anos do século dezasseis e Maria Ana da Câmara, descendente do donatário da ilha de S. Miguel, era uma jovem monja clarissa do Convento de Santo André em Vila Franca. Aí ouvia as velhas freiras narrar histórias terríveis de guerra e cataclismos acontecidos ali na Vila. A jovem religiosa entristecia-se com essas desgraças e pedia a Deus a paz entre os homens.
Uma vez, quando estava a rezar, viu uma pomba branca pousar-lhe no ombro e segredar-lhe que a Mãe de Deus daria a paz à Vila se, sob a sua invocação, fosse levantada uma ermida no monte que se erguia em frente à cela.
Passado algum tempo, uns rapazinhos andavam com o seu gado pelos montes quando, inesperadamente, encontraram numa lapinha, uma bela imagem de Nossa Senhora. Ficaram muito admirados, pegaram na Santa e levaram-na ao padre, que a colocou num dos altares da igreja de S. Miguel, em Vila Franca. No outro dia, de madrugada, a imagem já não estava no altar, mas apareceu outra vez no nicho em que tinha sido encontrada pelos pastores. Aquelas escapadelas de Nossa Senhora repetiram-se: traziam a imagem para a igreja e, sem se saber como, ela aparecia de novo na gruta de pedra.
O povo, percebendo que Nossa Senhora desejava ficar na paz dos montes, decidiu construir-lhe uma ermida. Punha-se o problema da falta de água naquele sítio de acesso tão difícil. Não desanimaram e mantiveram a decisão.
Um dia, numa das vertentes do monte, numa pequena chã, rebentou milagrosamente uma nascente de água fresca, o que veio tornar a construção mais fácil.
Começaram por fim a construir os alicerces da ermida, no lugar que acharam mais indicado. Contudo, durante a noite, enquanto todos descansavam, as pedras foram removidas por mão misteriosa e levadas para junto da gruta onde aparecera a imagem de Nossa Senhora, indicando que era ali o sítio em que a Virgem queria a sua casa.
O povo pasmou com este acontecimento. Construiu a capela no sítio desejado pela Senhora e em mil quinhentos e vinte estava pronta, alegrando o cimo do monte.
Dois anos mais tarde deu-se o grande terramoto que destruiu quase toda a Vila Franca. A igreja da Matriz foi arrasada alguns montes desapareceram, mas o monte onde se erguia a ermida de Nossa Senhora da Paz foi poupado e a ermidinha branca ficou intacta. Ainda hoje lá está, embelezando a paisagem no cimo do monte sobranceiro a Vila Franca e a devoção à Senhora da Paz continua bem viva.
Fonte Biblio FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.115-11
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