segunda-feira, 1 de outubro de 2018
Na aldeia de Estorãos passe a noite num moinho, adormeça no silêncio da natureza e acorde embalado com o ranger da mó nas águas da ribeira
Estorãos é uma pequena aldeia minhota situada a cerca de seis quilómetros de Ponte de Lima, onde corre a ribeira que lhe dá o nome. As águas vindas do alto da serra de Arga serpenteiam no meio de pinheiros, vinhas e campos criando pequenos lagos e represas onde trutas e lampreias se escondem de turistas e pescadores. A paisagem é magnífica. O recorte azulado e sombrio da serra contrasta com o verde dos campos e as cores outonais das vinhas e searas criando verdadeiros jardins que pedem muitos passeios e descobertas rústicas.
De cada lado da ribeira várias casas de granito e outras mais modernas formam uma pequena aldeia ligada por uma velha ponte romana, classificada em 1977 como imóvel de Interesse Municipal, na categoria de Arquitectura Civil (Pontes).
Na época romana, a ponte fazia parte de uma das mais importantes vias da região, ligando a Ponte de Lima mas, mais importante, implantando-se na estrada que colocava em comunicação Braga e o noroeste peninsular. A sua relevância, neste contexto, determinou certamente a construção da obra que, genericamente, chegou até aos nossos dias. A sua estrutura é comum, embora conferindo maior relevo que o habitual aos suportes intermédios. Compõe-se de três arcos de volta perfeita - sendo o central de maior vão que os laterais -, de aduelas e aparelho muito regular e de bom tamanho. Entre eles, existem poderosos talhamares triangulares, bem salientes, que conferem ao monumento uma exagerada imagem de robustez que não é comum encontrar-se na actividade pontística romana. Este facto, a par das diferenças de aparelho nos talhamares e do simples encosto destes elementos aos pegões (NOÉ, 1992, DGEMN on-line).
Do lado direito da ponte, um moinho de pedra com a roda de madeira intacta parece uma sentinela nas águas calmas próprias dos dias em que não chove.
O Moinho de Estorãos é uma velha construção de granito encostada à ponte romana sobre o rio Estorãos. A data da sua construção é desconhecida mas pensa-se ser dos finais do séc. XVIII.
Em 1868, foi vendida pelo Conde de Bertiandos à família Martins Ferreira para moagem de cereais, serração de madeiras, actividades que cessaram em 1965 e 1940 respectivamente.
Em 1982 foi reconstruída, para Turismo de Habitação, mantendo o seu aspecto original. O moinho foi a primeira de um grupo de quatro construções rústicas utilizadas por quem procura a paz e o sossego do campo. Em qualquer uma das casas restauradas percebe-se o cuidado com que foram feitas as obras.
A sala, a cozinha e o quarto do Moinho de Estorãos, com as paredes em pedra, criam um ambiente rústico muito acolhedor. Móveis antigos e objectos ligados às lides rurais e de artesanato tipicamente minhoto compõem a decoração proporcionando uma sensação confortável e colorida bem própria do campo. Uma lareira torna agradáveis as noites de Outono e Inverno.
É bom adormecer no silêncio da natureza e acordar embalado com o ranger da mó nas águas da ribeira, tomar um pequeno-almoço com pão fresco e compotas, para depois partir à descoberta das surpresas que se escondem na região.
Privilegiado pela natureza, situa-se junto ao rio e à ponte romana, motivo que tem merecido a atenção de fotógrafos, cineastas, pintores e outros artistas. No livro de visitantes podemos ler com frequência que é um privilégio aqui ficar.
Associado da TURIHAB desde 1984, o Moinho de Estorãos, integra a rede Solares de Portugal, na Categoria das Casas Rústicas.
Fonte:daqui
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