sábado, 1 de dezembro de 2018

SANTA MARINHA DO ZÊZERE




Santa Marinha do Zêzere é uma freguesia portuguesa do concelho de Baião, com 10,64 km² de área e 2.796 habitantes (2011). Densidade: 262,8 hab/km². Pertence ao Distrito, Diocese e Relação do Porto. Tem por orago Santa Marinha. Está situada a 12 km da sede do concelho e a 5 km da estação do comboio de Ermida-Douro. Localiza-se na margem direita do rio Zêzere.

Santa Marinha do Zêzere é uma terra de encantos múltiplos, quer pelas suas paisagens, pela sua hospitalidade local, pela sua gastronomia e o seu vinho verde de projecção além-fronteiras. Infelizmente o artesanato já não é uma realidade nesta terra. Com a morte dos artesãos morreu também a arte de fabricar os cestos de verga e castanho que serviam para o transporte das uvas nas vindimas de toda a região do Douro, e também o fabrico de chapéus de palha que eram usados pelos camponeses, a tecelagem artesanal de meias de lã desfiada, lençóis e cobertas em linho, as mantas e passadeiras em retalhos. O fabrico de utensílios em ferro e aço para a agricultura, os vasilhames em madeira para encubar o vinho.

Merece destaque o encanto que o rio Douro dá a esta terra ao banhar toda a sua margem sul, com uma cor azul e brilhante que reflecte uma beleza inigualável.

Uma pequena terra mas com uma diversidade cultural enorme possui uma banda musical: Banda da Casa do Povo de Santa Marinha do Zêzere. A prestar auxílio a comunidade temos os Bombeiros Voluntários de Santa Marinha do Zêzere. O dia da Padroeira é 18 de Julho durando as festas normalmente três dias.

O património de Santa Marinha do Zêzere é muito diversificado desde da lindíssima igreja matriz fundada no século XI e reedificada no século XVIII classificada como monumento nacional onde se salienta o seu órgão de tubos e os adornos arquitectónicos impressionantes que demonstra o melhor da arte religiosa da época. Esta igreja pertenceu à Companhia de Jesus e em 1768 era da apresentação alternativa do Papa.

Outro ponto histórico importante é o lugar do Castro onde outrora existira um castro (ruínas ou restos arqueológicos de um tipo de povoado da Idade do Ferro característico das montanhas do noroeste da Península Ibérica). Também nesta freguesia existem várias casas solarengas e muitas delas abertas ao público. As principais actividades económicas são agricultura e o comércio, mas recentemente tem-se apostado muito no turismo rural. As feiras quinzenais realizam-se a 11 e 25. Santa Marinha do Zêzere é uma das freguesias mais ricas e populosas do concelho.

O nome desta freguesia deriva do seu orago, Santa Marinha, uma virgem e mártir. Segundo a tradição que tinha oito irmãs gémeas: Basília; Eufêmea; Genebra; Liberata (também conhecida como Vilgeforte); Marciana; Quitéria e Vitória.

A lenda atribui-lhes a naturalidade na cidade de Braga, no ano 120. Seriam todas filhas de um casal de pagãos, Calcia e de um oficial romano, Lúcio Caio Atílio Severo, régulo de Braga, o qual, quando elas nasceram, estaria ausente da cidade. Entretanto, na cidade, não se acreditava que as gémeas pudessem ser filhas do mesmo pai. O acontecimento causou enorme embaraço à mãe que, teria encarregado a parteira Cita, de as afogar. Em vez disso a mulher, que era cristã, levou-as ao Arcebispo Santo Ovídio, para que as baptizasse e lhes desse destino. Foram então entregues a amas cristãs, crescendo e vivendo perto umas das outras, até aos dez anos de idade.

Por esse tempo, o César romano ordenou aos delegados imperiais para activarem a perseguição aos cristãos na Península Ibérica. Nessa perseguição, os soldados viriam a descobrir as gémeas, que foram detidas devido às suas crenças, sendo levadas à presença do régulo. Este, acabou por constatar que elas, afinal, eram suas filhas. Quis convencê-las a renunciar à sua fé e a abraçar o paganismo. Porém face a sua resistência, mandou detê-las e enclausurá-las no Palácio. Sucedeu que as prisioneiras durante a noite, por intervenção sobrenatural ou com a ajuda da própria mãe, lograram alcançar a liberdade. Correndo em várias direcções chegaram a províncias espanholas, donde se dispersaram. Todavia, Santa Marinha, teria sido apanhada nas proximidades de Orense, em Águas Santas, e condenada à morte, sendo aí degolada em 18 de Julho do ano 130 (Dia da Padroeira), vindo as suas irmãs a ser também martirizadas. Diz-se que Santa Liberata, que tem uma bela imagem na Capela de Gaia, na freguesia de Santa Marinha em Vila Nova de Gaia, teria sido crucificada.

O topónimo Zêzere, alude a uma «villa» Ozecari, de um tal Ozecarus - facto em harmonia com a antiguidade desta freguesia. A forma do topónimo no século XIII era Ozêzar, cujo etimológico passou a ter função de artigo na grafia.

Segundo Leite de Vasconcelos há nesta freguesia dois locais que revelam antigo povoamento como anteriormente referido. O primeiro é no lugar do Crasto ou Castro, onde existiu um castro, no qual se descobriram, entre outros objectos, uma figura humana, já decapitada, e um quadrúpede indeterminado. Estas duas figuras, de pedra, recolheram ao Museu Martins Sarmento de Guimarães. Na quinta de Guimarães em Miguas (lugar da freguesia) têm aparecido vestígios de uma necrópole Luso-Romana. A instituição desta paróquia é anterior ao século XIII na ermida muito mais antiga de Santa Marinha.

A primitiva igreja matriz da freguesia foi uma pequena ermida, situada na margem direita do Douro, no lugar que ainda hoje se chama Ermida. Daqui passou a sede da freguesia para a capela de São Pedro, no lugar deste nome, até que em época incerta, se transferiu a matriz para onde actualmente se encontra. Não foi este edifício que chegou aos nossos dias, pois a igreja foi restaurada e ampliada, no primeiro quartel do século XVIII, por Frade Salvador Coutinho da Cunha, das Casas Novas, e religioso do convento de Travanca, em Amarante.

Em Santa Marinha do Zêzere são numerosas as casas nobres, como a de São Pedro, que foi dos Carvalhos Pintos; as Casas Novas, dos Cunhas Coutinho, de Guimarães, a de Entre-Águas, dos Mouras Coutinhos; a de Travanca, Ermida, Ervedal, entre muitas outras.

Foto: Helena Costa



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