domingo, 24 de março de 2019

Debaixo do chão de Lisboa está um mundo por descobrir. Existem galerias romanas que só podem ser visitadas 2 vezes por ano, vestígios da antiga Olissipo.



As Galerias Romanas da Rua da Prata localizam-se na Baixa Pombalina, em Lisboa, e só abrem portas ao público duas vezes por ano. Apesar de estas estarem localizadas por baixo de uma das zonas mais movimentadas de Lisboa, a História prova que estas são, até à data, indestrutíveis. Afinal já contam quase dois mil anos. A sua construção data da época da ocupação romana, durante o governo do imperador Augusto, entre os séculos I a.C. e I d.C.

Estas galerias situam-se na Rua da Prata, na esquina da Rua da Conceição com a Rua dos Correeiros e foram descobertas em 1711, aquando da reconstrução da cidade de Lisboa após o terramoto de 1755. Apesar da especulação que gira em torno da sua função original, hoje assume-se unanimemente que se tratava de um criptopórtico, ou seja, uma solução arquitetónica que criava, em zona de declive e pouca estabilidade geológica, uma plataforma horizontal de suporte à construção de edifícios de grandes dimensões.

Ou seja, as galerias romanas foram construídas com o intuito de suportar o antigo Forum da cidade de Olisipo (nome romano da capital portuguesa). Atualmente geram uma curiosidade ímpar, sendo que a sua abertura costuma levar milhares em romaria ao local. O espaço é de acesso livre, sendo a visita feita em grupos e acompanhada por técnicos do Museu da Cidade e do Centro de Arqueologia de Lisboa.





A entrada que dá acesso ao monumento é no mínimo sui generis é para dentro de um alçapão, situado bem no meio da linha do eléctrico, que, como que por magia, cabeça a cabeça vão desaparecendo para o subsolo, onde dois lanços de escadas estreitíssimas dão acesso a um espaço que, visualmente, a uns encanta e a outros desilude – tudo depende das expectativas e do interesse que cada um tem pela história e pela arqueologia.






 Um coisa é certa esta “Lisboa Subterrânea” não vai deixar ninguém indiferente, quanto mais não seja pela história “escrita” na complexa rede de galerias abobadadas, dos mais diversos tamanhos e alturas (que comunicam entre si), numa orientação de noroeste para sudeste – estrutura claramente desalinhada em relação ao actual urbanismo pombalino, cuja orientação é de norte para sul. No entanto, esta direcção serve-lhe de suporte tal como, inicialmente, foi programado pelos romanos aquando da construção daquilo que “é hoje quase consensual ao nível de todos os arqueólogos e estudiosos do assunto como tratando-se de um criptopórtico”. Um criptopórtico corresponde a uma solução de engenharia que os romanos tiveram para responder a um problema que nós continuamos a ter hoje, que é a instabilidade dos solos da Baixa de Lisboa.








Duas vezes por ano, a água que inunda as galerias é retirada pelos bombeiros municipais de forma a permitir a visita em grupo, durante três dias sob orientação dos técnicos do Museu da Cidade. A procura deste espaço é tanta que é necessário reservar o bilhete com antecedência nos sites do Museu de Lisboa, Egeac e Câmara Municipal. É escusado tentar entrar sem reserva.








12 comentários:

  1. gostava de visitar, mas não sei as datas

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  2. Já visitei após quase 3horas de espera. Não se vê grande coisa mas satisfaz plenamente a curiosidade que se tem de "ver como é"
    . Apetece entrar e passar por onde não é permitido para ver o resto!

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  3. "foram descobertas em 1711, aquando da reconstrução da cidade de Lisboa após o terramoto de 1755."

    Algo nao bate certo na historia...

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    1. O criptopórtico foi descoberto em 1770, quando Manuel José Ribeiro construia o seu prédio na rua da Prata (nos hoje números 57 a 63).

      Nessa altura foi encontrada a lápide consagrada a Esculápio, colocada então no próprio edifício e hoje depositada no Museu Arqueológico.

      A inscrição constante da lápide, com as dimensões de 0,72 m por 0,74 m, é a seguinte:

      «Consagrada a Esculápio. Os Augustais Marco Afrânio Euporião e Lúcio Fábio Dafno ofereceram este monumento em dádiva, ao Município.

      Via wikipedia.

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Galerias_Romanas_da_Rua_da_Prata

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Eu me lembro dos romanos nos invafirem .

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  6. "foram descobertas em 1711, a quando da reconstrução da cidade de Lisboa após o terramoto de 1755." ISSO ESTÁ CERTAMENTE ERRADO. FAVOR EFETUAR A DEVIDA CORREÇÃO.

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